GOLPE OU IMPEACHMENT? A POLARIZAÇÃO MIDIÁTICA A PARTIR DAS CAPAS DAS REVISTAS VEJA E CARTA CAPITAL

A destituição de Dilma Rousseff da Presidência da República em 2016 inaugurou um dos períodos históricos mais polêmicos da história recente do Brasil. Este fato político gerou impactos econômicos, políticos e sociais nos últimos dois anos para parcela considerável da população. O processo começou em dezembro de 2015, se estendeu até agosto de 2016 e gerou inúmeras repercussões e reações na mídia jornalística e nas redes sociais. Manifestações populares em várias cidades, bombardeio de citações, oposição entre os apelidados “coxinhas” e “mortadelas” e expressões como “Não vai ter golpe”, “Não reconheço governo golpista” versus “Tchau, querida”, “Fora, Dilma” e “Impeachment já!” fazem parte de um cenário social e político dividido na discussão sobre se foi impeachment ou golpe, em questionamentos partidários e ideológicos quanto à sua legalidade. Assim, esta pesquisa propõe analisar quatro capas das revistas Veja e Carta Capital, para depreender as significações articuladas pela linguagem sincrética, nos períodos que antecederam e sucederam o processo de impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Todos os materiais selecionados possuem a mesma temática e abordagem políticas. A análise das capas justifica-se pela pertinência do gênero, ainda importante como veículo de comunicação, mesmo em tempos de elaborações digitais, e pela possibilidade de compreender os diferentes posicionamentos ideológicos que se refletem nas construções discursivas por meio da linguagem sincrética. As duas revistas foram selecionadas pelo fato de representarem uma relação antagônica ao tratar de um mesmo tema político, além de serem as principais publicações semanais do país. O gênero capa de revista tem função primordial de expor a matéria em destaque em cada edição e persuadir o leitor a adquirir a revista, ampliando ao máximo possível, a comercialização de seu produto midiático. A construção de uma capa é composta pela relação entre o plano de conteúdo e o plano de expressão, a partir da escolha de elementos verbo-visuais. Este trabalho terá como base a semiótica discursiva, inicialmente com foco no percurso gerativo de sentido, sobretudo na dimensão polêmica, e na semiótica das paixões, com especial atenção às paixões do medo, da vergonha e do ódio. Desse modo, esperamos mostrar como a polarização se converteu em intolerância política, tornada visível nos meios de comunicação. O que nos impulsiona nesta pesquisa é a tentativa de traçar um contexto histórico-discursivo do processo de impeachment de Dilma Rousseff, a partir das consequências e julgamentos políticos que ocorreram e seus consequentes conflitos permeados pela polarização política. Interessa, em especial, pesquisar o poder e o impacto das mídias na construção de diferentes simulacros que servirão de análise, bem como a construção discursiva nas capas, a partir das articulações de linguagem verbal e visual nos textos sincréticos. Esperamos, assim, poder captar, a partir do material selecionado, os recursos e estratégias inteligíveis e sensíveis devidamente utilizados para atingir o objetivo específico de cada revista e os seus enunciatários.
Country: 
Brazil
Theme And Axes: 
Semiotics of doxological discourses (political, religious, journalistic)
Institution: 
Unifran - Universidade de Franca
Mail: 
helenrod87@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
Desarrollado por gcoop.