Do uso da teleologia pragmática por emissoras de TV como alternativa para controle e equacionamento da distração da audiência: a materialização da experiência de múltiplas telas enquanto tendência lógica articulada às formas culturais da televisão

O uso pela audiência de dispositivos móveis conectados à Internet enquanto assistindo TV é um fenômeno global. Defende-se no artigo que o uso de múltiplos gadgets concomitantemente ao ato de ver TV redefine a experiência de televisão: haveria um crescimento sígnico em comparação à experiência anterior, caracterizando a materialização de uma experiência intitulada aqui como de múltiplas telas. Na perspectiva dos anunciantes da TV comercial/aberta, tem-se argumentado que a experiência redefinida de TV promoveria uma espécie de distração do público. Tal distração potencialmente reduziria patrocínios, particularmente quando adotado o modelo de negócios de venda de audiência: caso o público não assista as peças publicitárias (por estar distraído), o investimento nos programas poderia ser reduzido. No cenário, as emissoras afirmam enfrentar um dilema para definir a alternativa a adotar de modo a estabelecer algum controle e equacionar a distração enquanto o público materializa sua experiência de múltiplas telas: o dilema seria associado a definir entre (i) fornecer hashtags para indexar os comentários da audiência em sites de redes sociais digitais, (ii) sugerir o uso de um website dedicado ou (iii) disponibilizar um app desenvolvido pela emissora para materialização da experiência em cada programa. No artigo é apresentada a possibilidade de definir um operador conceitual para auxiliar a tratar tal dilema: sugere-se o uso da noção de teleologia pragmática (Charles Sanders Peirce) articulada às formas culturais da televisão (Raymond Williams) para que a definição do modo de o público materializar sua experiência seja analisada enquanto tendência lógica. Argumenta-se, ainda, que o controle e equacionamento da distração deveria considerar (além das peças publicitárias) também o conteúdo televisual per se. Para compreender a perspectiva adotada (e a articulação teórica relacionada), é necessário destacar que se considera que o crescimento sígnico observado na semiose peirceana no caso analisado da televisão possibilita relação com as formas culturais da TV: nos dois casos, haveria geração de Interpretantes na duração. O cenário geral é ilustrado com um caso de programa da forma cultural Drama documentary: trata-se da franquia global de reality/talent show de pâtisserie Bake Off, que permite observar uma tendência lógica no modo de a audiência materializar sua experiência em relação à forma cultural. Enquanto no caso da edição inglesa da franquia há registro de que um app desenvolvido para o programa não costuma ser acessado enquanto o programa é veiculado (James Blake), na edição brasileira do programa há evidencias de publicações de comentários postados nas redes sociais digitais com uso de hashtags sugeridas pela franquia enquanto o programa está no ar. Engajamento análogo pode ser observado em outros reality/talent show como, por exemplo, What Not to Wear, MasterChef, The Voice, The Farm: enquanto tendência, a opção (i) parece preferível a (iii) para esta forma cultural. Defende-se ser possível expandir a análise de tendências às outras formas culturais da televisão, culminando com articulação entre a forma cultural do programa de TV e a forma cultural Propaganda, estabelecendo controle e equacionando a distração durante veiculação das peças considerando o programa a partir do qual a distração teria iniciado.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las articulaciones y confrontaciones entre perspectivas semióticas e investigaciones en comunicación
Semióticas de los lenguajes visuales, sonoros y audiovisuales
Institución: 
UTP - Universidade Tuiuti do Paraná
Mail: 
cemarquioni@uol.com.br

Estado del abstract

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Accepted
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