A experiência da religiosidade e das linguagens em sincretismo: análise semiótica da vivência no Santuario de Nuestra Señora de las Nieves

Este artigo tem como objetivo dar a ver os efeitos de sentido da prática de uma religiosidade sincrética, por meio da análise semiótica da igreja do Santuario Nuestra Señora de las Nieves, situada na cidade de Junin de los Andes, na Patagônia Argentina. O município sediou o forte militar espanhol e a região é marco da colonização europeia, que reduziu drasticamente a população mapuche neste país e no Chile. O templo mescla de modo singular elementos das culturas cristã e mapuche, conjugando no mesmo espaço, por exemplo, personagens sacros católicos com beatos criolos; tapeçarias e vestimentas locais com sinos europeus; a natureza andina com os símbolos da cruz e do calvário; práticas religiosas dos dois continentes. Convocou-se a metodologia postulada na fundamentação da semiótica discursiva de Algirdas Julien Greimas, que homologa os níveis discursivo, narrativo e fundamental, assim como os planos de expressão e de conteúdo, resultando em um todo de sentido. Na estrutura teórica, destacam-se sobretudo as contribuições dos avanços empreendidos pelos seguidores do fundador da disciplina, acima citado. De Jean-Marie Floch foram tomados os conceitos da semiótica sincrética (no imbricamento das linguagens verbal, plástica, matérica, gestual) e do semissimbolismo (cuja ideia de correspondência entre as categorias sincréticas da expressão com as categorias figurativas do conteúdo suportou a semiotização do objeto de estudos). E a sociossemiótica de Eric Landowski adicionou aos clássicos regimes de sentido e de interação da junção (a programação e a manipulação), os regimes de união (acidente e ajustamento), que pressupõem a produção de sentido pela co-presença de sujeitos com competências de risco e sensibilidade. A obra do último autor permitiu compreender como se dá a experiência de viver, mesmo hoje, um espaço arquitetônico, religioso e turístico no qual registros de um povo nativo perduraram até os nossos dias, desde a época da estratégia de assimilação de uma cultura por conquistadores estrangeiros, amansando revoltas, sem esconder sua dominação. Em um mundo contemporâneo no qual conflitos e contaminações multiculturais estão em evidência, a sociossemiótica, com sua perspectiva de uma semiótica das situações vividas, emerge, pois, como vanguarda teórica.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Los pasajes y articulaciones entre semióticas verbales y no verbales
Semiótica de la espacialidad (geografías, territorios, fronteras)
Institución: 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Mail: 
valdenise@pucsp.br

Estado del abstract

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Accepted
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