A manipulação no discurso político: missividade e “acontecimento” no ativismo de eleitoras brasileiras

A semiótica greimasiana é uma teoria de significação que analisa os diferentes mecanismos constituintes de cada uma das partes do discurso. Contemporâneo de Greimas, Claude Zilberberg é o precursor dos estudos semióticos sob o viés da fenomenologia do sensível, os quais deram origem à semiótica tensiva. Despontam, nesse aparato teórico da semiótica, os conceitos de missividade e “acontecimento”, ambos propostos por Zilberberg. O primeiro termo possibilita a análise de conteúdos do ponto de vista de continuações e paradas (ZILBERBERG, 2006), enquanto o segundo refere-se ao momento de ruptura da narrativa, ocasionando um estado passional de maior impacto para o sujeito (ZILBERBERG, 2007). Durante a campanha eleitoral de 2018 para presidente do Brasil, surgiu o movimento #Elenão, que uniu milhões de mulheres em uma página da rede social Facebook contra o então candidato à presidência Jair Messias Bolsonaro. Em oposição a esse movimento, formou-se outro grupo, o #Elesim, em apoio ao presidenciável. É nesse contexto de ativismo que pretendemos analisar o fenômeno da manipulação no discurso político. Para isso, utilizaremos uma reportagem da revista Marie Claire que pauta a manifestação ocorrida em 29/09/2018, organizada pelas mulheres do movimento #Elenão, na tentativa de conter o avanço do neofascismo, principal temor entre elas. A reportagem traz a opinião de atores sociais (eleitoras) que, como destinatárias de um discurso político, podem ou não ceder a uma manipulação. Nossa pesquisa busca, à luz da semiótica greimasiana e, em especial, da semiótica tensiva, identificar os percursos narrativos de missividade, de adesão ou de desaprovação de mulheres ao discurso do candidato Bolsonaro, os quais indicarão os valores eufóricos (emissivos) ou disfóricos (remissivos) que representam cada um desses movimentos liderados por mulheres. No decorrer deste estudo, pretendemos identificar no discurso dessas manifestantes quais elementos discursivos, em suas triagens ideológicas, poderiam levá-las ou não a exercer a função de destinatárias manipuladas pelo candidato Bolsonaro. Nesse ponto, pretendemos observar se a manipulação pode ser considerada como um “acontecimento”. Nossa hipótese é de que a manipulação tenha os mesmos impactos tensivos que o “acontecimento”.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Universidade de São Paulo (USP)
Mail: 
cleidelimadasilva@gmail.com

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