A transmídia como semiosfera para a construção estética

O desenvolvimento de novas tecnologias transformou a cultura material da nossa sociedade em fins do século XX. Em meio a essas mudanças, a informação passou a ser um produto amplamente comercializado. Nesse contexto, a convergência digital surgiu como um novo paradigma comunicacional, artístico e de distribuição. Uma obra transmídia, fruto da convergência digital, é aquela que explora diferentes plataformas e mídias, as quais se relacionam e formam uma rede em que o espectador-usuário pode navegar por amplos universos narrativos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a construção estética em sistemas transmídia por meio de uma abordagem semiótica. Em um primeiro momento, aproximamos o conceito de semiosfera, desenvolvido por Iuri Lotman, ao conceito de sistema transmídia, de modo a demonstrar que ambos se comportam como espaços geradores de semiose entre as diferentes linguagens que os compõem. Os meios de um sistema transmídia têm estruturalidade própria, o que determina o fragmento narrativo que será explorado por cada um. Não há arbitrariedade no conteúdo designado a determinado meio em uma obra transmídia, uma vez que sistemas artísticos refletem sua semântica e sua sintaxe de uma só vez. O sistema transmídia ideal concilia diversos meios, mas não os organiza rigidamente, já que o espectador pode optar entrar no sistema pela mídia que melhor lhe convém. No entanto, é comum que o sistema tenha um meio que o notabilize e atraia novos espectadores-usuários. Esses meios concentram as potencialidades narrativas a serem expandidas, bem como as características estéticas que serão replicadas em todas as mídias. Eles estão no centro do sistema, como o centro da semiosfera, e suas estruturas são menos mutáveis no processo de expansão do sistema. Para assimilar e interagir dentro de um sistema narrativo transmídia, a audiência precisa estar imersa na semiosfera cultural do século XXI, em que a semiose entre as mídias adquire uma característica de convergência. O espectador-usuário do século XXI está adaptado à velocidade com que as mídias se transformam e surgem em diversas plataformas, sobretudo nas digitais. As obras transmídia estão imersas na semiosfera da convergência, enquanto que os meios estão imersos no sistema transmídia. Portanto, propomos a existência de uma relação de isomorfia entre a semiosfera, o sistema transmídia e as linguagens que o compõem. O conceito de semiosfera é responsável por sustentar a discussão deste trabalho sobre novas formas de organização e contato entre as diferentes formações semióticas. A convergência, como qualidade da semiose entre as linguagens artísticas, se constrói como trajetória ainda em curso do movimento que os diferentes meios começaram a partir do final do século XX. A transmídia como semiosfera é a hipótese que sustenta esta investigação acerca da construção estética decorrente do contato entre as diferentes linguagens do sistema.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semióticas de los lenguajes visuales, sonoros y audiovisuales
Transposiciones y fenómenos transmediáticos
Institución: 
Universidade de São Paulo
Mail: 
gisele.fred@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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