Ação coletiva e geração de sentido: um estudo sobre o cooperativismo e a filantropia como arranjos institucionais favoráveis à gestão dos bens comuns

Este artigo apresenta o tema dos bens comuns como fértil campo de investigação para a sociossemiótica, vertente que pensa a questão do sentido colocando a interação no cerne da problemática da significação (Landowski, 1989;1997;2004). A pesquisa em andamento procura trazer avanços para a gestão sustentável dos recursos humanos e naturais, lapidando ferramentas teóricas e conceituais da sociossemiótica capazes de compreender em maior profundidade estratégias enunciativas ligadas aos arranjos institucionais – um dos fatores de maior peso na gestão dos bens comuns. Bens comuns abrangem recursos utilizados por uma ampla gama de pessoas durante um prazo longo. Apesar da maior parte dos problemas e exemplos estarem associados à gestão de recursos naturais (água, florestas, oceanos, biodiversidade...), bens comuns não se limitam a eles. Também envolvem os espaços públicos, o patrimônio cultural material e imaterial, a oferta de educação e saúde, entre tantas outras questões que abarcam recursos utilizados, valorizados e aproveitados por muitos indivíduos em comum. E a problemática ocorre em diversas escalas e em diversos contextos, desde em pequenas vizinhanças até em escala planetária. Um dos maiores expoentes na investigação sobre a gestão dos bens comuns foi a cientista política norte-americana Elinor Ostrom (1933-2012) . É dela o olhar apurado que ressalta o fato de os modelos econômicos serem insuficientes para um entendimento mais completo sobre o problema dos bens comuns e, consequentemente, para a formulação e análise de políticas públicas que favoreçam sua conservação. É dela também a proposta de construção de uma Teoria da Ação Coletiva capaz de analisar os tipos de arranjos institucionais como fatores determinantes no sucesso ou fracasso na gestão dos bens comuns. Ao longo de sua obra, Ostrom mostrou como determinadas comunidades atingiram sucesso na gestão dos bens comuns ao desenvolverem determinados arranjos institucionais que funcionam bem em determinados contextos e que não se assemelham estritamente à iniciativa privada, nem exclusivamente à gestão estatal. A presente pesquisa busca apresentar uma compreensão dos arranjos institucionais de entidades filantrópicas e de cooperativas, uma vez que estão ligadas ao terceiro setor (ou seja, não se caracterizam como organizações públicas ou privadas). Assume-se, como hipótese, que esses arranjos apresentam estratégias enunciativas que estabelecem processos comunicativos capazes de criar significação favorável a uma gestão sustentável dos bens comuns. Se os procedimentos da enunciação a partir da interação instalam discursos que produzem os vários tipos de construção de sentido, então procura-se avaliar como a interação entre pessoas e instituições e a geração de sentido no terceiro setor contribuem para uma melhor gestão desses tipos de recursos. Trata-se de uma abordagem dificilmente levada adiante pela economia ou pela ciência política que pode trazer conclusões relevantes para as pesquisas sobre os bens comuns.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las articulaciones y confrontaciones entre perspectivas semióticas e investigaciones en comunicación
Semióticas de los discursos científicos
Institución: 
Complexo Educacional FMU-FiamFaam / Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS/PUC-SP)
Mail: 
karin@anadarco.com.br

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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