“Brasil, ame-o ou deixe-o”: a reinvenção de um discurso pelo canal SBT

O ano de 2018, no Brasil, trouxe muita turbulência em variadas partes da sociedade: o país atravessa uma forte crise econômica e política que tem provocado inúmeros reflexos na vida social do país. Foi um ano de eleição para cargos executivos e legislativos das esferas Estadual e Federal, sendo o Presidente eleito ausente na maioria dos debates televisivos, tendo ainda sido vítima de um ataque físico efetuado por uma facada na região abdominal durante um ato de campanha. Com a eleição de Jair Messias Bolsonaro (PSL), no dia 28 de outubro, os pilares da política e de outras instituições brasileiras se mostraram afetados, e isso reverberou algumas ocorrências em diferentes âmbitos, como no caso do canal Sistema de Televisão Brasileiro, o SBT, rede proprietária de Silvio Santos Abravanel. A emissora SBT é uma concessão federal realizada na época da ditadura, e é a segunda maior rede de comunicação do país, perdendo apenas para a Rede Globo. Numa tentativa de atrair os olhares do novo presidente, que é um ex-militar, o SBT começou a exibir no dia 6 de novembro uma série de vinhetas que celebravam o novo governo de Jair Bolsonaro com um slogan e uma música que foram auge da ditadura civil-militar brasileira iniciada no ano de 1964. Em uma das vinhetas, o hino nacional toca enquanto surge na tela o slogan "Brasil, Ame-o ou Deixei-o", que ficou marcado como parte da propaganda do governo de Emílio Garrastazu Médici. Durante o mandato do militar Médici , entre 1969 e 1974, a perseguição a adversários do regime militar atingiu seu auge. Com base nos pontos levantados, pretendemos, com este trabalho, analisar o que o SBT procurou enunciar com essa “propaganda”, e como esse produto se mostra como uma reinvenção (ou não) de um discurso de um dos períodos mais turbulentos da política brasileira. A partir do exposto, a presente análise pretende, com base na semiótica de linha francesa, identificar as estratégias de manipulação contidas na vinheta (FIORIN, 1995; BARROS, 2001) e também analisar os elementos intertextuais e interdiscursivos (BAKTIN, 1975 ; FIORIN, 2006 ; BARROS, 2009;) que podem ser depreendidos no texto audiovisual/sincrético em questão. Com base na análise realizada, pudemos concluir que o discurso foi reinventado no que se refere a ufania nacional prestado pela emissora. Um dos pilares da campanha de Bolsonaro foi o patriotismo, portanto utilizar o hino nacional, as cores verde e amarelo e o texto “Brasil, ame-o ou deixe-o” é uma forma de se apropriar das falas patriotistas de outrora para levantar essa questão novamente. Longe de uma conclusão sobre os reais motivos disso, podemos perceber que a intenção passar por uma distribuição de verba publicitária por parte do governo federal, ou seja, a emissora quer se mostrar alinhada aos valores do novo governo e se tentar receber mais verbas do que sua maior concorrente, a Globo.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
El análisis del discurso como práctica interpretativa
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais
Mail: 
waldineia_stefany@hotmail.com

Estado del abstract

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Accepted
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