Estética, estesia e afetos

Na configuração do arranjo estético de uma pintura, paisagem, poesia, música, prato gastronômico, entre tantos mais objetos, está plasmado o sensível que é, assim, parte integrante da totalidade articulada de qualidades plásticas e rítmicas selecionadas. A partir de escolhas do enunciador em um ou mais sistemas, os significantes articulados segundo regras de encadeamento compõem a expressão do enunciado na qual está plasmado o conteúdo. Os tipos de relação entre expressão e conteúdo foram bastante estudados pelos semioticistas, mas desde Da imperfeição, obra de Greimas de 1987, os estudiosos têm se voltado a perquirir como esses arranjos carregam vetores de sensibilização. No e pelo ato de se por em interação, o sensível afeta e mobiliza os órgãos sensoriais e o corpo todo do sujeito que, assim sensibilizado, capta as impressões significantes, processa-as, sendo por elas afetados. Por meio do arranjo das qualidades significantes com seus modos de atuação que, como um sujeito, afetam o outro sujeito que é por elas sensibilizado, pode-se então considerar esse encontro como intersubjetal e ele propicia uma gama de estesias com variados percursos narrativos desencadeados pelos arranjos nos quais o sentir processa a construção do sentido. Visando entender como as estéticas desses arranjos fazem atuar a estesia a partir de modos de afetação significante bastante distintos, temos nos dedicado à análise de um conjunto de objetos semióticos que mostram a mútua dependência entre os sentidos nos seus modos de operar diversos resultantes das propriedades constitutivas da totalidade significante que temos explorado. Em especial, nosso interesse neste artigo é sobre o papel actancial e atorial que um aroma, um gosto, um som, uma vista, um toque, têm na experiência presente que ativa uma experiência passada que se desenrola em continuidade isotópica mesmo havendo mudança actorial, temporal e espacial. Com os conceitos de isotopia e de percurso isotópico e de quebra de isotopia, das relações entre plasticidade e figuratividade, das escolhas enunciativas de configuração do enunciado, a proposta é estudar, em um corpus de filmes, como se constrói na cena estética de vivência arrebatadora estesias sensíveis que fazem advir na presentificação estésica algo de uma outra narrativa vivida que exerceu fortes impactos passionais. Na vivência atravessada de impressões sensoriais, a estética mostra-se regendo os arranjos plásticos e o semisimbólico e o simbólico da semiose entre expressão e conteúdo promovem ambiguidades figurativas a partir de uma mesma plasticicidade que engatilha, no semantismo do presente que se vive, o de um passado que, vivido, marca-se pelos afetos que desencadeia. Apoiados na teoria semiótica de Greimas e na construção do sentido sentido de Landowski (1996, 2004, 2005), essa pesquisa continua as nossas investigações da relação entre semiótica, estética, estesia e busca examinar a correlação entre estesia e afetos. Os procedimentos analíticos lançam não das passagens enunciativas entre a plasticidade sensível e a figuratividade, permitindo chegar a novas correlações entre sentir, ser afetado e afetividade e como esse envolvimento tem papel no processamento do sentido. Este trabalho faz parte do subtema específico "Estesia e gosto".
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semiótica y antropología
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - FAFICLA: PEPG em Comunicação e Semiótica - CPS: Centro de Pesquisas Sociossemióticas
Mail: 
anaclaudiamei@hotmail.com

Estado del abstract

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Accepted
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