Mapas, cidades, muros: impressões do/no espaço

Este trabalho propõe a abordagem da noção de “trajetórias” como caminhos possíveis abertos por certos desenvolvimentos da semiótica (GREIMAS, 2004; FLOCH, 1995; FONTANILLE, 2011; LANDOWSKI, 2014) para examinar as (re)configurações do espaço como experiências traçadas pelo fluxo de corpos e pelos vestígios de suas presenças nos delineamentos de territorialidades e desterritorialidades. Integra, portanto, uma semiótica das impressões, concebidas como traços ou marcas deixadas em um corpo que se configura com superfície de inscrições. Entre os modos de manifestação do corpo e as figuras de seus movimentos (FONTANILLE, 2011), pessoas ou coisas constituem figuras subjetais ou objetais que desenham interações, camadas de sentido e comunicam modos de presença no mundo. Por conseguinte, o presente estudo inscreve-se na confluência dos eixos temáticos das materialidades, corpos e objetos; da semiótica da espacialidade e na articulação da análise dos sentidos e investigações da comunicação. Como vestígios, os fluxos permitem descrever uma figuração do corpo-actante, responsável por papéis narrativos e temáticos, assim como pela inscrição de materialidades diversas. As (re)configurações produzidas a partir das marcas imprimidas pelo fluxo dos corpos acabam por ressignificar o espaço, propondo uma desautomatização de leituras já consagradas ou emblemáticas de certos textos semióticos. Neste trabalho, estes textos são especialmente os que discursivizam espaços urbanos, circunscrevem pertenças ou apropriações e partilhas do sensível. Nesse entroncamento de interesses, tais abordagens semióticas se articulam estreitamente a pesquisas do campo da comunicação, que vislumbram os processos interacionais dados por mobilidades, fluxos digitais, torções figurativas de imagens estabilizadas pela cultura e as inovações tecnológicas apropriadas pelo campo da informação com o objetivo de fazer sentir para além de fazer ver ou saber. Com o intuito de discutir criticamente tais processos de (re)configuração e ressignificação por meio das inscrições do corpo nos espaços, recorremos a alguns empíricos que servem de fio condutor às reflexões teóricas, visando formular desdobramentos possíveis dessas experiências: mapas digitais construídos a partir de interações articuladas para tornar visível o assédio sexual de rua, e que propõem uma cidade distinta daquela inscrita pelo enunciador dos discursos do turismo e da qualidade de vida (Mapa Chega de Fiu-Fiu, Curitiba, PR/BR); projeto de fotografias coletivas que ensaiam desconstruir a visão da cidade como monumento (Cidades Visíveis); e o espaço tensionado de “muros” espalhados pelo mundo dividindo países, etnias, religiões, classes sociais (Folha de S. Paulo, 360 graus). Passa assim por exemplos da vida prática, do olhar crítico da arte e pela documentação informativa dos fatos, consideradas instâncias de representação do movimento social na demarcação dos espaços de vivência e de sua interface com as corporalidades.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las articulaciones y confrontaciones entre perspectivas semióticas e investigaciones en comunicación
Semiótica de la espacialidad (geografías, territorios, fronteras)
Institución: 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Mail: 
atbaggio@gmail.com, katicaetano@hotmail.com

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Kati Caetano

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