Após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo de presidente do Brasil. Logo no início de seu mandato a mídia brasileira passou a veicular matérias em referência a sua esposa, a nova primeira-dama do Brasil, Marcela Temer. As matérias, amplamente divulgadas pelos veículos de comunicação, contribuem para formar uma certa ideia não só sobre Marcela Temer, mas sobre ser mulher e primeira-dama no Brasil. O presente artigo busca evidenciar as expressões utilizadas pelos portais para se referir a atual primeira dama do Brasil e compreender o impacto dessa narrativa para a construção da imagem da mulher, esposa e primeira-dama. Tendo como eixo a perspectiva semiótica de C.S. Peirce, a análise, realizada do ponto de vista jornalístico, leva em consideração também manifestações culturais, uma vez que os jornais são fundamentais na criação da opinião pública (MCCOMBS, 2009). Com base na tríade sígnica proposta por Peirce - objeto-signo-interpretante -, o presente trabalho levou em consideração três aspectos da notícia: manchetes, imagens e texto. Foram analisadas 83 matérias manualmente selecionadas que foram veiculadas nos dois maiores portais de notícias on-line do Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), referente ao ano de 2015, e divulgada pela Associação Nacional 18 de Jornais (ANJ): Folha de S. Paulo e O Globo. As notícias foram coletadas durante o período de Agosto de 2016 a Setembro de 2017 e, com isso, buscou-se compreender como essas representações podem contribuir para a construção da imagem da mulher, esposa e primeira-dama dentro da sociedade brasileira. Após analisarmos as 83 notícias, foi possível compreender que, na contramão do que está sendo reivindicado pelos movimentos sociais feministas atuais, as representações feitas a partir da primeira-dama, nos portais Folha de S. Paulo e O Globo, reproduzem padrões de beleza, de mulher, de esposa e de mãe previamente estabelecidos culturalmente.