Sob a perspectiva da semiótica francesa que trata o texto como objeto de significação gerador de sentido, e o Percurso Gerativo de Sentido (PGS) como seu mecanismo de análise, é que se dispõe a base teórica e metodológica desta pesquisa, cujo foco será analisar a presença do concreto na obra da arquiteta Lina Bo Bardi. Para isso, selecionaremos como objeto de estudo o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP - 1957), localizado na avenida Paulista, São Paulo - Brasil. Segundo Focillon (1934:38), a “[…] matéria de uma arte não é um dado fixo, adquirido para sempre: desde o começo, ela é transformação e novidade, pois a arte, como uma operação química, se transforma, e continua a se metamorfosear”, tendo a arquitetura e sua matéria como uma produção artística, técnica e social observaremos o concreto na obra de Lina como “matière de l´art” (Focillon, 1934:37). Tal fato é possível devido a existência de uma literatura cambiante sobre a obra da arquiteta, que aponta indícios de interpretações diferenciadas no transcorrer temporal, o que conduz a novas perspectivas investigativas sobre as possíveis relações praticadas pelo concreto como elemento gerador de significado. Ademais, sabemos que a matéria pode ter um papel fundamental na construção do sentido, isso se deve ao fato dela portar, via plano de expressão, um potencial comunicativo considerável que se homologa nas categorias do plano de conteúdo, sendo esta semiose um dos prováveis caminhos para seu entendimento como um dos geradores de sentido na produção bobardiana. Assim, o estudo propõe entender através de textos verbais e não-verbais as “metamorfoses” do concreto no MASP, caracterizando as relações matéricas construídas por Lina. Para tanto, a pesquisa possuíra como corpus a produção criativa bobardiana, publicações de livros e periódicos, no qual partiremos do primeiro artigo publicado sobre o edifício, Conjunto Museu de Arte de São Paulo, encontrado na revista Habitat (n. 28) de 1956, e seguiremos para extratos de obras mais recentes como, Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura de Olivia de Oliveira (2006), e Ordem e Origem em Lina Bo Bardi de Vera Luz (2014).