MEMÓRIA DA CULTURA: um estudo da obra Bomb Damage, de Banksy, a partir da semiótica da cultura

Este artigo propõe o estudo a partir do referencial da semiótica da cultura e da memória da cultura, da obra "Bomb Damage", de Banksy, pintada em ruínas de guerra, na Palestina em 2015, e que faz referência à escultura "As lágrimas de Níobe", autor desconhecido, e do mito da deusa grega. O objetivo é entender as relações entre os textos culturais das obras, que permitem a tradução e a ressignificação da imagem de Níobe em novos meio, lugar, tempo e contexto, propondo uma nova hermenêutica. Banksy, famoso artista de rua, que mantém sua identidade desconhecida, constrói uma narrativa crítica de posicionamento político sobre questões sociais, por meio da arte urbana. Ao considerar a cultura como um grande texto e um conjunto dinâmico de sistemas, se faz presente as ideias da semiótica da cultura de I. Lotman. Este referencial teórico foi escolhido como eixo de estudo da obra "Bomb Damage", por estender a noção de linguagem a uma diversidade de sistemas, como literatura, arquitetura, música e cinema. Os textos culturais guardados nas culturas carregam seus sentidos, quando se manifestam, propõem diálogos entre estruturas do presente com elementos do passado. Daí ser importante para o estudo proposto, a noção de memória da cultura, de I. Lotman. As relações do texto com o contexto cultural podem ter caráter metafórico e metonímico. Na obra de Banksy, a relação de caráter metonímico se dá a partir do seu título e o caráter metafórico se manifesta a partir da figura de Níobe em posição de choro. Os estudos de Michael Pollak sobre memória, esquecimento e silenciamento, são importantes para compreender a construção da identidade de determinados grupos sociais. Como reproduções da escultura "As lágrimas de Níobe", que inspirou o artista britânico, são frequentemente encontradas decorando os jazigos em cemitérios, será importante as noções de rastros e memória, de Jean Marie Gagnebin. Partindo do princípio do mito e da escultura "As lágrimas de Níobe", como textos, com códigos verbais, textuais, visuais, materiais e espaciais, com funções de comunicação, de geração de sentido e mnemônica, a obra de Banksy apropria-se de inúmeros subtextos, que os textos das obras apresentam e os coloca em interação com novos textos em sua semiosfera. Desta forma, se estabelece nas fronteiras semióticas interações entre textos, não- textos, subtextos, culturas e não-culturas, evocando os sentidos da obra original, ressignificando-os e criando novos sentidos. O artista constrói, por meio de sua obra uma proposta discursiva de crítica social, evocando também sentidos relacionados à questões de memória, na qual a lembrança é a esperança e a arte, a voz que, clama por paz.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las semióticas de las artes: momentos y territorios
Institución: 
Universidade Metodista de São Paulo
Mail: 
amandajzanco@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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