Populismo 2.0. Social-ismo: formas da política na era da realidade social

(O abstract integra a mesa “A comunicação política contemporânea entre populismo, fake news e pós-verdade”) Como é possível que eleições primarias online celebradas por poucas dezenas de milhares de pessoas pareçam mais participadas do que outras nas quais milhões de cidadãos dirigem-se fisicamente até às urnas? Como pode parecer mais democrática uma “live” unilateral no Fa-cebook do que um debate “cara a cara” entre dois ou mais candidatos na televisão? Como uma cadeia de mensagem no Whatsapp pode dar o efeito de uma maior participação política do que as reuniões na sede de um partido? Trata-se de alguns dos sintomas mais nítidos da relação entre as formas de expressão do po-pulismo contemporâneo e as formas do conteúdo às quais elas estão atadas. No atual discurso populista, o que aparece de maneira mais evidente é o fato do que a mutação das linguagens e das mídias modifica os valores e a eficácia da comunicação política. O fenômeno não é novo. Pense-se, a este proposito, no clássico exemplo do debate entre Kennedy e Nixon, cujos êxi-tos foram diferentes para os que o ouviram na radio e para aqueles que o assistiram na televi-são. Com base nesses pressupostos, concentrar-nos-emos, aqui, na tentativa de explicar como a comunicação em rede dos “social-networks” modifica a hierarquia dos valores políticos, rela-cionando-os a novos simulacros de contato, de imediatez, de humores (opostos às formas do contrato, da negação, da passionalidade). A partir de exemplos extraídos da semiosfera italiana e brasileira, e com base nas diretrizes traçadas em um precedente trabalho intitulado Da cosa si riconosce il populismo. Ipotesi se-miopolitiche (Sedda & Demuru, 2018), pretendemos abordar em profundidade as formas ex-pressivas através das quais as logicas interacionais das redes sociais digitais renovam o jogo simulacral entre politica e povo, dando lugar a novos encaixes e corto-circuitos. Daqui a hipótese do social-ismo, entendido como uma nova forma da politica de massa do sé-culo XXI, na qual prevalecem formas expressivas como o politicamente incorreto, a provoca-ção, a alusão, a insistências na corporeidade e na estesia, que tendem a construir um campo politico altamente polarizado. É nele que o corpo social ganha, literalmente, corpo: contagi-ando-se a partir da colocação em cena do Eu-carne do líder, perdendo-se em textualidades di-fusas, em enunciações reticulares, ligadas à leitura algorítmica das tendências online. Tudo isso com o escopo de construir um elo profundo entre o corpo individual do líder e o corpo social coletivo, ao ponto de tornar indistinguível, na dinâmica política-comunicativa cotidia-na, quem guia e quem é guiado, quem influencia e quem é influenciado.
País: 
Italia
Temas y ejes de trabajo: 
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Università degli Studi di Cagliari
Mail: 
franciscu.sedda@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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