SEMIOSE DO ESPAÇO: semióticas possíveis ao espaço educativo formal e ao espaço estético

Referir-se ao espaço educativo formal – cujo delineamento se mantém no decorrer do tempo – nos remete a considerações de Eric Landowski, sobre como os espaços possibilitam o encontrar-se neles se estiverem carregados de sentido, de pontos de referência. Adentrar um novo espaço rompe com uma continuidade e configura-se num tempo e espaço de estadia. Segundo Hugo Assmann, o espaço educativo formal deveria configurar-se em propulsor de experiências de aprendizagem coletiva, que valeria chamarem-se sistemas complexos adaptativos – uma organização aprendente, cujo aprender equivale a viver, o que nos remete a considerar que o aprender traz transformação à corporeidade, transformada de acordo com o viver numa história, num conhecer que representa compartilhar o viver, criar-se expectativas, expor-se a interações, imerso numa diversidade que reina em meio a tudo, seja ela bem quista ou não. Tal solicita uma semiótica espacial que dê conta da complexidade posta e entendemos que a semiótica peirceana responda ao diálogo proposto.. Augusto Boal, aborda o espaço físico que abriga o espaço criado subjetivamente, o que estabelece infinitas possibilidades ao liberar a memória – retrospecto, com registros vividos ou sentidos – e imaginação – prospecto, com misturas dos registros e realidade e intimamente ligada à memória, pois sem ela não se recorda. Aponta que a fusão entre o espaço físico e o espaço imaginado resulta em Espaço Estético – espaço para criar, revelar, imaginar, viver-se o real, uma vez que para ele há um conceito básico de que a imagem do real, a partir do momento em que é criada, é real enquanto imagem. Afirma-se o conflito como momento de trazer à luz um novo saber que revitaliza o ser, porque faz nascer posturas da consciência sensível e criadora, porque gera explicações na tentativa de compreensão de possibilidades de mundo. O indivíduo não se fecha em si, mas aceita o coletivo como meio de crescer e se fazer. Vive a experiência estética, que se faz fundamental para emergência de uma ética, que fundamenta uma lógica que permite compreender o viver em sociedade e a dinâmica de suas organizações e instituições. Quanto mais pessoas estiverem em concordância na composição estética do espaço, maior será seu poder estético. Preza-se pela consciência de si e de sua ação, do observar-se, do observar o outro e ser observado; abre-se a possibilidade de variados pontos de vista sem ser julgado, outrossim, movido a ver, observar e participar da admiração dos demais, pondo o espaço atrelado à uma dimensão da experiência vivida. A semiótica do espaço estético revela-se possibilidade semiótica do espaço educativo formal. As considerações enunciadas nos reportam à semiótica de Charles Sanders Peirce, para melhor compreensão da possibilidade despontada, cujo humano se apresenta no acesso à realidade sempre mediado por signos – cria um signo a partir do signo que interpreta – enquanto também é signo aberto, numa corporeidade que expressa a si e ao mundo, num processo infinito. Peirce coopera para com a compreensão desse processo uma vez que, semioticamente, seria a ação dos signos a permitir os processos de produção de sentido – processo de semiose – o que estabelece a semiótica como lógica, dada a sua empreita por compreensão de como o pensamento se comporta frente a possibilidade da mente que aprende com a experiência, numa relação objeto-signo-interpretante.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semiótica de la espacialidad (geografías, territorios, fronteras)
Institución: 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Mail: 
mrfbarbieri@yahoo.com.br

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