Semiótica da cidade

Tem-se estudado as cidades de várias perspectivas tais como pela arquitetura, urbanismo, localização geográfica, geológica, histórica, vegetação, parques e praças, monumentos, obras de arte, mas a que tem sido de nosso interesse é a abordagem semiótica a partir das práticas de vida, entendendo que essas fazem ser o lugar exercendo um fazer na construção identitária. Por práticas, consideram-se as ações que se repetem e formam na continuidade um reiterar isotópico que constrói o percurso articulado do sentido. A conceituação de Algirdas J. Greimas e Joseph Courtès (2011) define que as práticas semióticas ou sociais “apresentam-se como sequências significantes de comportamentos somáticos organizados” (...) “cujas realizações vão dos simples estereótipos sociais até as programações de forma algorítmica”. Por essa via consideramos as distintas práticas como as comerciais, de trabalho, de mobilidade, de sociabilidade, de consumo, esportivas, culturais, de entretenimento, entre tantas mais que marcam a vida de uma localidade conferindo-lhe particularidades qualificantes definidoras de seu estilo. Elegendo a cidade de São Paulo, temos nela explorado junto ao Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS) tanto as práticas urbanas que, com a sua configuração, são delineadas nos seus distintos lugares e, no conjunto, formam a especificidade da totalidade de sentido, quanto as práticas dos habitantes com os usos previstos, imprevistos, estratégicos, de encontros e descobertas, mas também os de apropriações que operam nos lugares. Na articulação desses tipos de práticas de vida configuram-se os modos de estar e de ser de São Paulo. O estudo das práticas de vida requer uma metodologia sociossemiótica de observação que permite levantar os dados qualificadores dos modos de vida promovidos pela cidade durante a semana e nos finais de semana e nas distintas horas do dia pois as ações que ocorrem são similares ou diversas segundo essas variantes. Consideram-se assim os modos dos comportamentos realizados; além de se acompanhar e refazer os percursos com os distintos frequentadores do local que nos possibilitou levantar como as práticas e usos determinam como uma localidade é usada reiteradamente, ou seja, “praticada” pelos habitantes, que assim são também criadores de sentido. Essa opção de estudo determinou muitas escolhas de pontos de descrição e análise da cidade que não seguiu uma determinação de escolhas apriorísticas, mas sim guiadas pela vida da cidade. Para isso servimo-nos do perambular com os habitantes seguindo Jean-Marie Floch (1995), e servindo-nos ainda de suas conceituações da semiótica plástica (1984). Nas análises da plasticidade, incorporou-se também o tratamento morfológico do traçado das configurações nas respectivas localidades, com as funções e os valores dos lugares segundo Manar Hammad (1995). Mas o valor não é dado de uma vez por todas e nem está pronto e fechado, ao contrário. Daí complementamos esse conceituar da plástica com o ritmo das ocorrências segundo Eric Landowski (2005), e, tratando do inteligível em articulação com o sensível, exploramos a dinâmica das ações que reiteradamente constitui a vida em e de São Paulo. Das programadas em oposição às aleatórias, que têm como subcontrárias as ações estratégicas em oposição às de ajustamento montam entre elas os quatro tipos de regimes de risco, de interação e de sentido landowskiano para dar conta da complexidade que organiza cada urbe e que permite estudá-la pelas práticas de vida citadina. Este trabalho faz parte do subtema específico "Semiótica da cidade".
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semiótica y antropología
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: FAFICLA - PEPG em Comunicação e Semiótica - CPS: Centro de Pesquisas Sociossemióticas
Mail: 
anaclaudiamei@hotmail.com

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