Tecnologia, semiótica e as novas formas de manipulação midiática

O abstract integra a mesa: “A comunicação política contemporânea entre populismo, fake news e pós-verdade” Vivemos tempos de profundo obscurantismo social. As incertezas que norteiam nossas práticas cotidianas nos surpreendem a cada dia que passa. Ao nos depararmos com notícias da grande mídia, como jornais, revistas, rádio e televisão (on-line ou impressa), a temática predominante construída é a do medo e do porvir, principalmente atreladas a assuntos políticos, econômicos e sociais. Nessa discussão, valores diversos circulam em nosso ambiente, em posicionamentos sociais e pela escolha (ou não) do nosso tipo de leitura. Nunca tivemos tanto acesso à informação e nunca se percebeu tanta desinformação. A facilidade de muitos ao acreditar em “verdades” disseminadas via redes sociais – para maioria a única fonte de busca –, por exemplo, nos faz acreditar em uma sociedade extremamente volátil, em termos de informação. O fenômeno interessante a observar é que, nesta volatilidade, há grupos que se “acomodam” quando se identificam com determinadas posições/posturas retóricas e partem para o campo oposto, o do dogmatismo. Parece-nos que os discursos, principalmente relacionados à política, neste momento, no Brasil, são regidos pela modalidade da certeza, assemelhando-se a um discurso religioso. O presente trabalho está vinculado ao Centro de Pesquisas Sociossemióticas, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUCSP, e visa aprofundar os estudos sobre os processos de persuasão/manipulação, através do sincretismo de linguagens na interação em mídias digitais contemporâneas. O corpus de análise foi selecionado a partir de dados disponibilizados por agências ou serviços de fact-checking. Questões sob o olhar da Semiótica Discursiva, como o que é verdade e como abraçamos a verdade em tempos de enorme circulação de informações e quais os contratos estabelecidos entre sujeitos, mais especificamente, segundo os regimes de sentido, definidos por Eric Landowski. Temas como posicionamento político de autoridades, montagens de capas da mídia tradicional e outras diversas temáticas que circularam durante no ano de 2018, marcado pelas eleições presidenciais. A proposta é tentar refletir sobre essas questões, doravante recorte feito. Hoje, tornou-se comum compartilhar informações em um determinado grupo, que vê e entende o mundo a partir dos valores que compartilham e acreditam, ou seja, que “falam e entendem uma mesma linguagem”. A denominação para esses grupos, por muitos, é caracterizado como “bolha”, onde conversam, trocam informações, notícias, memes, e é na constituição desses grupos que são formados verdadeiros “apartheids digitais”. Sabe-se que toda interação tem como premissa uma estrutura contratual intersubjetiva e, como tal, a presença de, pelo menos, dois sujeitos. Sendo o contrato um pressuposto do estabelecimento de uma estrutura de comunicação semiótica, ele é determinante nas ações e coerções dos sujeitos envolvidos. Assim, ao falar de interação, é preciso recorrer ao percurso temático da enunciação, pois é possibilitado, através dele, verificar as estratégias de manipulação, pressuponentes da proposição de contratos fiduciário e/ou de veridicção.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Institución: 
Universidade Católica de Pelotas
Mail: 
fabianemarroni@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
Desarrollado por gcoop.