Trajetória da Vila Maria Zélia e os regimes de sentidos

São Paulo, cidade brasileira cuja extensão territorial em sua maior parte se faz por áreas urbanas, é retratada pela enorme massa de prédios e quilômetros de vias asfaltadas entrelaçadas umas às outras. Nesse cenário de concreto, quase sempre caótico pelo excesso de gente e de carros que por ela circulam, marcam uma cidade que está em constante transformação adequando-se diante dos enormes desafios que surgem ao longo dos anos. Hoje, a São Paulo de 2019 mostra-se por diversas facetas de uma megalópole em constante progresso capaz de acompanhar muito daquilo que acontece em grandes outros centros urbanos espalhados pelo mundo. Porém, ela também se mostra pela incapacidade de preservar patrimônios históricos expondo muitas vezes o descaso com a memória daquilo que contribuiu de modo significativo em favor do seu próprio desenvolvimento. Na virada do século XIX para o século XX, São Paulo começa atrair um grande número de imigrantes sobretudo aqueles que vinham da Europa em busca de oportunidades de trabalho. Nas décadas seguintes, a cidade passou por um período de desenvolvimento econômico a partir das primeiras indústrias têxteis e alimentícias que se instalaram em locais próximos as ferrovias e consequentemente proporcionaram as primeiras transformações urbanas como aberturas de ruas e lotes para a formação de vilas operárias. Foi assim que a Vila Maria Zélia criada especialmente para abrigar 2500 funcionários da tecelagem Cia Nacional de Tecidos da Juta, surgiu em 1917. Nos mais de cem anos de existência da Vila Maria Zélia, tempo esse marcado pelo apogeu e pela decadência de uma época, vemos atualmente um local que enfrenta o embate entre a resistência e o abandono. Tendo como premissa que cada lugar tem sua história e os seus significados atribuídos ao longo da sua trajetória buscamos entender a luz da Semiótica Discursiva de Algirdas Julien Greimas, principalmente em seus desdobramentos nas pesquisas dos sociossemioticistas Eric Landowski e Ana Claudia de Oliveira quais são os sentidos que emergem das interações que ocorrem na Vila Maria Zélia dos dias de hoje. Pela análise dos modos de presença ali existentes buscamos identificar os valores que estão em jogo, a partir daquilo que ainda se conserva da história do desenvolvimento paulistano e aquilo que expõe a negligência com relação ao patrimônio histórico. Nossa hipótese é que a Vila Maria Zélia vai se moldando pelo processo de reescituras, diante das demandas e exigências de um desenvolvimento urbano sem considerar o valor do patrimônio histórico e da arquitetura local, engrossando assim, a lista de locais históricos remanescentes na cidade que revelam a mesma situação. A partir dos valores manifestos na Vila Maria Zélia, o resultado esperado é dar visibilidade a discussão sobre patrimônios históricos e refletir nas soluções possíveis para a preservação de outros locais históricos da cidade de São Paulo.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Semiótica e historia
Semiótica y arquitectura
Institución: 
Centro de Pesquisas Sociossemióticas
Mail: 
m_claudia@uol.com.br

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Accepted
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