Trajetórias do Olhar: os conceitos de contemplação, interação e interatividade à luz da semiótica peirceana.

Na atualidade, diante do hibridismo das formas de expressão, a fenomênica artística contemporânea vem exigindo do público expectador uma radical alteração nos seus modos de fruição – diante de obras de arte, objetos artísticos, instalações multidimensionais e complexidades midiáticas que propõem a transversalidade das linguagens e a integração dos sentidos. Estamos, então, diante de novas demandas perceptivas – que solicitam novas aproximações perceptuais. Um: obras de arte convencionais, em museus tradicionais, sugerem um fluxo perceptivo – silêncio, atenção, admiração. Dois: objetos artísticos excêntricos, em espaços urbanos inovadores, reivindicam uma nova atitude perceptiva – ação, relacionamento, co-criação. Três: o universo digital das novas formas de arte, em ambientes desmaterializados ou virtuais, demanda uma instruída relação arte e homem – acionamentos, comportamentos decisórios, imersão. A partir dessas três esferas perceptivas, surgem três conceitos: contemplação, interação e interatividade – que merecem ser discutidos, à luz de teorias que possam abordá-los nos âmbitos da produção de linguagem, da circulação da arte e da apropriação dos sentidos e significados da Arte Contemporânea, em ampla dimensão. Assim, a teoria semiótica, proposta pelo norteamericano Charles Sanders Peirce bem pode colaborar para a compreensão desse complexo contexto perceptivo. Seus conceitos acerca das categorias universais – primeiridade; secundidade; terceiridade – e suas ideias sobre qualidade, efeito e signo discutem os modos como os fenômenos aparecem à consciência e os modos de operação do pensamento, em signo. Suas categorias são concebidas como camadas interpenetráveis, quase sempre simultâneas e, contudo, qualitativamente distintas. Sua teoria lógica (raciocínio ordenado), ontológica (o ser e a existência) e epistemológica (estudo sobre o conhecimento científico) informa que não há e nem pode haver separação entre percepção e conhecimento: todo pensamento lógico, toda cognição, entra pela porta da percepção e sai pela porta da ação deliberada. A teoria dos signos, a semiótica – em sua lógica tri-relativa – abarca os processos sensoriais e mentais, na linguagem Sua teoria triádica da percepção contempla os sistemas de ação e reação, interação, ação e memória. Nesse ponto é a mente que entra em cena, pois é dela a tarefa de síntese: compreensão e significado. Afinal: é a linguagem a única e grande forma de síntese de que dispomos para a ligação entre o exterior e o interior, entre o mundo lá fora e o mundo aqui dentro. Junções entre os atos dos sentidos, as concepções mentais e a operações de linguagem são a tônica da fenomenologia Peirceana. Pois, assim como a percepção contemporânea, sua teoria nasce a partir da experiência, ela mesma. Para ele, os sentidos são capazes de criar formas de pensamento ou quase-pensamento. São o primo-motor do desenvolvimento do sistema de signos. Peirce vai muito além dos estudos da relação entre o objeto e percepto. Para ele, a percepção deve ser estudada a partir das relações entre aquilo que é percebido e a mente de quem percebe - perfazendo um estudo relacional que constitui um apoio decisivo para o enfrentamento e a justa compreensão das artes e ciências criativas contemporâneas.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las semióticas de las artes: momentos y territorios
Semióticas de los lenguajes visuales, sonoros y audiovisuales
Institución: 
Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Mail: 
rzll@uol.com.br

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