TRÂNSITO E COMPLEXIDADES SENSORIAIS EM IMAGENS CONTEMPORÂNEAS

As condições sócio-tecnológicas do pós-guerra legam ao senso comum a ideia de que esta é uma sociedade de visualidades. Sociedade que se apropria e interage imageticamentede formas cada vez mais complexas e plurais. Nesta investigação pretende-se focar em três questões desprendidas do mencionado contexto. 1) relações de tradução, intertextualidade e metalinguagem no contexto tecnoimagético; 2) emergência de formas visuais mestiças, instáveis e em eterno processo de deslocamento e ressignificação e 3) processos cognitivos singulares que nascem de experiências estéticas e interativas em museus, fruto de hibridações tecno-artísticas. Segundo McLuhan (2016:76), “as tecnologias são meios de traduzir uma espécie de conhecimento para a outra” e a tradução seria “um desvendamento de formas do conhecimento”. Não apenas “a interação entre nossos sentidos é permanente” como cada nova tecnologia daria “acento ou ascendência” a um ou mais deles (1972:34-40). Partindo dessas ideias, cabe-nos pensar: se ao texto artístico coube o papel da reflexão criativa do advento técnico e de seus estímulos sensoriais – literatos como Joyce e Mallarmé escreviam de forma singular pelo advento da prensa, ele defende –, atualmente, com a forte presença da manipulação de imagens e o deslocamento de seus contextos, o pensamento sobre (e entre) linguagens ganha espaço como prática cotidiana – guardadas, obviamente, as devidas proporções. Tal ponderação metalinguística dá renovada complexidade ao âmbito das linguagens no contexto multimeios, o que nos leva buscar elementos na arte como contribuição ao estudo de imagens cotidianas. Também, no contexto de excessos (urbanidades, virtualidades, informações, visualidades) são cada vez mais presentes formas visuais que se realizam na confluência/encontro de códigos e suportes. Experiências que, valendo-se de diferentes "técnicas", instigam um processo de semiose ininterrupto e reprocessamento da percepção. Estruturas inestáveis e, segundo Lótman (1996), fronteiriças. Locais de alta permeabilidade, deslocamento e resignificação. Laplantine e Nouss (2002) consideram tais representações inapreensíveis. Para os autores, o mestiço é a afirmação de uma condição plural. As formas visuais mestiças não se finalizam em definições terminais. Català (2011) aponta a complexidade das formas multiplas contemporâneas como local em que as visualidades assumem, em toda potência, sua função pensante. Mais que sugerir reflexão, em sua estrutura revelam modos de ser e entender. É proposta desta investigação, também, definir imagens mestiças e suas potencialidades. Por fim, Agambem (2009:65) identifica a tentativa frustrada e desafiadora de estudar as dinâmicas da contemporaneidade como “perceber nesse escuro uma luz que, dirigida para nós, distancia-se infinitamente de nós. Ou ainda: ser pontual em um compromisso ao qual se pode apenas faltar”. As imagens só podem ser captadas pelas bordas do seu movimento, do seu deslocamento entre tempos, de uma cinesia de imagens – plásticas, em movimento, visuais, sonoras, audiovisuais, táteis, cíbridas, técnicas, digitais, futuristas, sinestésicas. A semiótica surge como uma importante metodologia para o estudo das imagens, capaz de vislumbrar tendências, visualidades, sensações e experiências possíveis. A terceira proposta desta investigação e a possibilidade de entender a imersão dos visitantes em imagens nos museus contemporâneos e espaços expositivos como sci-nestésica – união entre sinestesia, cinesia e ciência – em processos estéticos, interativos e cognitivos. As três questões exploradas evidenciam o constante deslocamento a que se submetem as imagens contemporâneas e a riqueza de possibilidades que os movimentos podem produzir
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las semióticas de las artes: momentos y territorios
Semióticas de los lenguajes visuales, sonoros y audiovisuales
Institución: 
Universidade de São Paulo (USP)
Mail: 
andreiamoura007@hotmail.com

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Daniel Felipe Espinola Lima Fonseca, Lívia Cristina de Souza

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