Zonas de Contato e as novas formas de Circulação: trajetórias discursivas e participação online

Propomo-nos, através deste trabalho, a descrever as reconfigurações das zonas de contato (FAUSTO NETO, 2010) formadas entre mídias e participantes da atividade enunciativa, diante da emergência da circulação discursiva no contexto de uma sociedade em vias de midiatização (FAUSTO NETO, 2011). Neste sentido, tomamos como objeto de estudo a formação e o funcionamento destas zonas de contato a partir da observação e mapeamento de espaços para comentários em sites de veículos de comunicação. Nestes ambientes, observamos o engrenar de distintas lógicas enunciativas dos participantes, estruturadas sob a forma de dispositivos de vigilância e políticas próprias de sanções e restrições da participação. Compreendemos que estas políticas são efeito da circulação discursiva, sob a forma de fluxos adiante (Braga, 2012) e, mais ainda, de "guerrilhas semiológicas” (ECO, 1986), conforme descrito por Mario Carlón em sua exposição no II Segundo Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais (São Leopoldo, 2017). Para Carlón (2018), é preciso identificar as transformações sociais que afetam a circulação tanto no nível das interações entre indivíduos e instituições (transversal), quanto no nível onde ocorrem as transformações na relação entre online e offline (interindividual). Consideramos essa abordagem imprescindível, tendo em vista que é devido a essas transformações que ocorrem as já citadas reconfigurações das zonas de contato, uma vez que, dentre as medidas usuais, há o fechamento dos espaços para comentários nestes veículos (RUEDELL, 2018). Como consequência, podemos tratar estes espaços como heterotopias, descritas por Michel Foucault, em seminário proferido em 1967, como lugares nos quais, apesar de inseridos, os sujeitos a ele não pertencem; trataremos, portanto, estas heterotopias como um “lugar de outra ordem”, dadas as suas peculiaridades. É importante pontuar que em nossa proposta tratamos da midiatização como um processo de semiose aberta (ECO, 1991), e das zonas de contato como dispositivos interacionais formados às suas bordas e inseridos em uma lógica de fluxos comunicacionais contínuos (BRAGA, 2017). Mostraremos empiricamente como se dão estas reconfigurações e a formação destes dispositivos interacionais através dos exemplos de The Guardian, do Reino Unido, El País, da Espanha, e Al Jazeera, do Catar. Os três veículos possuem políticas próprias e diferentes de regulação da participação de seu público leitor, alternando entre total proibição, até arbitragem de debates nos espaços para comentários. Ao final, propomos como exercício metodológico a análise do funcionamento e da reconfiguração das zonas de contato, a partir de um viés semiológico, para poder compreender as novas trajetórias dos fluxos comunicacionais e dos sujeitos ali inseridos.
País: 
Brasil
Temas y ejes de trabajo: 
Las articulaciones y confrontaciones entre perspectivas semióticas e investigaciones en comunicación
Semiótica de las mediatizaciones
Institución: 
Universidade Federal de Santa Maria
Mail: 
eduardo.ruedell@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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